Onde te perdeste (de ti)?
Percorro as ruas e vejo as pessoas nuas. Nuas delas. Vazias de si. Onde se terão perdido? Por aqui e por ali. Olho para as pessoas e não lhes vejo luz. Seguem carregadas preocupadas com a sua cruz. Quando terão desistido? Delas. Da vida. De viver? Porque terão resistido? Aos sorrisos? Ao amor? Ao querer? Vejo pessoas gordas a quererem ser magras e pessoas magras a quererem engordar. Cruzo-me com pessoas lindas mal-arranjadas e outras tantas por aproveitar. Oiço palavras cruas, nuas, vazias de sentimento. Vive-se com pressa de viver, sem apreciar o momento. As pessoas correm, desenfreadas, com urgência em chegar. Não sabem para onde vão, nem sequer como voltar. A vida que devia ser leve, pesa-lhes na palma da mão. Carregam o peso que trazem no corpo, do que sentem no coração. E tu? Onde foi que te perdeste? Onde te desencontraste de ti? Se não fores tu a encontrar-te, a vida nunca te sorri. Vai. Vai saber onde ficaste. Vai procurar o caminho. Desta vez, lamento informar-te, mas tens de o fazer sozinho. Não tenhas medo, não desistas. A vida sabe o que faz e é feita de conquistas. O que foi, deixa lá atrás. Não te prendas ao passado. O caminho faz-se caminhando e nunca deverias ter parado. Vive-se, aprendendo a viver. A vida ensina-te o que fazer. E se ela te da, todos os dias, uma oportunidade é porque tem a certeza que foste feito para vencer.